Ceará pode ganhar 12 novos municípios
Suspensa há 22 anos, a criação de novos municípios poderá
voltar a ser permitida. O projeto de lei complementar (PLP) 137/15, de autoria
do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), deve ser votado hoje no Plenário da Câmara
dos Deputados. No Ceará, conforme Luiz Carlos Mourão Maia, presidente da Comissão
de Criação de Novos Municípios, Estudo de Limites e Divisas Territoriais da
Assembleia Legislativa do Ceará, cerca de 12 distritos atendem aos requisitos
estabelecidos pelo projeto e, caso a lei seja aprovada e sancionada, poderão
iniciar o processo emancipatório.
Entre os distritos, estão a Jurema, em Caucaia, a Pajuçara,
em Maracanaú, e o Pecém, em São Gonçalo do Amarante. No País, estima-se a
criação de cerca de 200 novos municípios, segundo o deputado federal Danilo
Forte (PSDB-CE), que é favorável à matéria — que precisa do apoio de um mínimo
de 257 deputados.
Conforme o PLP, além das novas cidades, distritos poderão
ter suas áreas desmembradas de uma cidade e ser incorporadas a outra. Poderá
ainda haver fusão entre municípios. A legislação, diz Mourão, resolveria
problemas nos limites de outros 28 cidades cearenses, que poderiam repassar
áreas de um município a outro.
Para o deputado, as dimensões continentais do País levam à
necessidade de uma legislação capaz de criar novos municípios. O parlamentar
acredita que pode haver resistência na Câmara, “de setores mais liberais”, que
veem na criação de novas cidades ônus aos cofres públicos — o que levou ao veto
da então presidente Dilma Roussef a projeto de lei de texto semelhante. “Para
isso, criamos procedimentos que questionam o tamanho da população, o número de
equipamentos públicos e a capacidade de autonomia econômica”, aponta.
Um número mínimo de habitantes (que no Nordeste é de 12
mil), a aprovação de estudos de viabilidade econômico-financeira, político-administrativa
e socioambiental e urbana, e um plebiscito local, além da aprovação na
Assembleia Legislativa são alguns dos passos a que os distritos devem se
submeter para pleitear emancipação.
O rateio do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) por
um número maior de cidades leva à redução da receita por município, a nível
estadual. “Mas, no somatório da receita do novo município com a da cidade-mãe
pode haver ganhos locais”, opina José Irineu de Carvalho, economista e
consultor técnico econômico da Associação dos Municípios do Estado do Ceará
(Aprece). O economista defende estudos caso a caso, mas acredita que a criação
de 12 novas cidades não impactaria muito as receitas das prefeituras no Ceará.
Luiz Carlos Mourão Maia baseia-se no Projeto Atlas e Divisas
Municipais Georreferenciadas, estudo que revisa território dos 184 municípios
cearenses, para determinar distritos que poderão se tornar municípios. Como
ainda haverá critérios estaduais, ele se absteve de relacionar todos os 12.
O distrito de Flores, distante 20km da sede do município de
Russas, é um dos que há anos luta por sua emancipação. Por diversas vezes,
movimentos emancipacionistas formados dentro da comunidade reivindicaram do
poder público municipal o apoio à luta. Poucas pessoas ainda acreditam no
desejo da comunidade. O Distrito de Flores abrange sete comunidades
circunvizinhas e conta com população estimada em mais de 10 mil habitantes.
(O POVO – Repórter Domitila Andrade)
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